Mocidade Alegre define samba-enredo para o carnaval 2019

Parceria de Biro-Biro e Cia. vence disputa na Morada do Samba


A Mocidade Alegre, atual vice-campeã do carnaval de São Paulo escolheu no último domingo (02) seu samba-enredo para o carnaval 2019. Embalados pela lenda indígena do Ayakamaé, a tribo da Morada lotou a sede social localizada no bairro do Limão e realizou mais um grande espetáculo. 
Após a final da Mocidade, temos 10 sambas já conhecidos restando apenas quatro escolas a finalizarem os seus processos eliminatórios: Acadêmicos do Tucuruvi, Águia de Ouro, Rosas de Ouro e Vai-Vai. 
Mais uma vez, o JIO Folia estava presente e fez parte da festa na aldeia, onde a força, a raça e, sobretudo, a união fazem a diferença. 

Momentos antes da final de samba enredo na quadra da Mocidade Alegre (Crédito: Marcelo Almeyda/ JIO Folia)

Uma tribo na selva de pedra
Pouco a pouco, vindos de todos os lugares, do mais próximo ao longínquo, os integrantes da comunidade começam a chegar. Carregam consigo artefatos, badulaques, cocares e sorrisos. Uns chegam pela primeira vez e ficam com a impressão de que já fazem parte dali há muito tempo, outros bem acostumados ao ambiente resenham, perambulam e param nas tendas de bebidas e comidas. No ambiente, tinha toda tecnologia possível: projeção nas paredes, santinho com a letra ou a famosa caixa de som repetindo vigorosamente cada estrofe do samba. A tribo Mocidade é assim, acostumada a desafios, superações e a ganhar títulos. 

Aí sim, meus pretinhos!
Dentro da quadra, Igor Sorriso foi o cacique da Morada. Ele conduziu o time de canto, de cordas e todos aqueles que estavam presentes. 
É impossível não se contagiar com o vigor do intérprete. Uma das fórmulas do sucesso da escola certamente passa pelo entrosamento entre a Bateria Ritmo Puro, de mestre Sombra, o canto e gingado do intérprete da morada.

Rito de passagem
O fim de um ciclo carnavalesco é o descortinar para novas descobertas, temas e ideias. Com os pavilhões isso também acontece. Um rito de passagem que renova as energias e coloca a escola definitivamente dentro do enredo proposto. Com a Mocidade não foi diferente. Antes do início da final de samba, os casais de mestre-sala e porta-bandeira subiram ao palco e sob as bençãos dos deuses africanos saudaram o novo pavilhão do enredo 2019.
Preparativos antes da benção ao pavilhão 2019 da Mocidade Alegre (Crédito: Marcelo Almeyda/ JIO Folia)


5 sambas e um destino: a vitória 
Depois de cantar grandes sambas que embalaram carnavais passados, a direção da escola explanou o processo de apresentação dos 5 finalistas. Em 7 passagens (a primeira apenas com os compositores cantando, depois com a bateria, terceira e quarta somente a torcida e as restantes com a Ritmo puro, novamente). 
Os concorrentes teriam a missão de mostrar porque suas obras deveriam representar a Morada do samba no carnaval 2019.Foi o samba 07 que se apresentou primeiro, depois foram os sambas 01, 09, 06 e 04.
Com grande contingente e os famosos aparatos, a torcida tinha bandeiras, bexigas nas cores da escola, uma escultura de índio e faixas fixadas nos camarotes. Mais uma vez, o torcedor foi o diferencial na disputa. 
O equilíbrio deu o tom nas apresentações que contaram com grandes intérpretes do carnaval. Vale destacar as passagens dos sambas 01, 06 e 04. Eles empolgaram bastante quem estava na quadra da Morada.
As obras classificadas fizeram jus ao chegar na finalíssima e certamente estarão marcadas nesta renovação das eliminatórias da escola. A Mocidade também inovou neste ano em seu processo de escolha. A agremiação montou um estúdio dentro de sua quadra e todos os sambas tiveram a bateria da Mocidade como apoio. Foi uma oportunidade aos compositores de cortar custos e uma maneira de igualar a qualidade da divulgação das obras. Onze obras foram entregues garantindo o sucesso do processo e a continuidade de uma tradição de sambistas e compositores.
Torcidas fizeram a diferença na final de samba enredo da Mocidade Alegre
(Crédito: Marcelo Almeyda/ JIO Folia)




  Luzes e chuva de pequenos papeis prateados deram o tom da disputa 
   (Crédito: Marcelo Almeyda/ JIO Folia)
                        

                               

Meu canto é guerreiro, sou Mocidade! 
Após as apresentações dos finalistas, Igor Sorriso assumiu os microfones e com sua habitual energia faz o terreiro pulsar na despedida do samba de 2018. No carnaval deste ano, a escola foi vice-campeão. A apreensão tomava conta do coração de todos. A presidente Solange Bichara surgiu no palco com a comissão julgadora, comissão de carnaval e outros segmentos da escola para o anúncio do resultado. Um vídeo de agradecimento aos compositores foi exibido em um telão.Solange parabenizou todos que participaram do processo, desde as gravações até o presente momento. Por volta das 23 horas, foi ela mesma quem deu o pontapé inicial ao samba-enredo da Mocidade Alegre para 2019 e cantou a obra de parceria de Biro-Biro, Turko, Gui Cruz, Maradona, Imperial, Portuga, Rafael Falanga, Rodrigo Minuetto e Vítor Gabriel. Festa na aldeia da Morada, chuva de papel picado e muitas lágrimas de alegria. A tribo já tem o seu canto e, certamente, daqui até o dia do desfile vai estar entoando o samba com disciplina, organização e muita disposição.
Anúncio do samba campeão pela presidente Solange Bichara (Crédito: Mundo de Thy)

Abram alas que a Mocidade chegou
Força, raça e união: os três pilares que fazem da escola de samba Mocidade Alegre uma super potência. 
Gerenciada por sua presidente Solange Bichara desde 2003, a escola é referência para muitas agremiações e acumula recordes. Nos últimos oito carnavais a escola conquistou três títulos. O primeiro lugar foi consecutivo em 2012, 2013 e 2014. Se levarmos os ponteiros um pouco mais para trás, teremos ainda mais vitórias: 2004, 2007 e 2009. Além de vice-campeonatos e colocações entre as cinco primeiras para o desfile das campeãs. Os resultado são frutos da estratégia da escola em aliar as modernidades do carnaval à profissionalização de seus segmentos. Dentre os desfiles da Mocidade Alegre, destacamos o carnaval do segundo tricampeonato da escola em 2014. 
Além de disciplina e harmonia perfeitas, a escola inovou e marcou a história de São Paulo, como na oração de joelhos realizada pelos componentes da Morada. A ação estremeceu o Anhembi com o enredo "Andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar".

Desfile de 2014 íntegra Mocidade Alegre (Crédito:YouTube)

A Mocidade Alegre será a terceira escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 2 de março. A comissão de carnaval composta por Paulo Brasil, Carlinhos Lopes, Neide Lopes e Márcio Gonçalves quer trazer o décimo primeiro título para a escola com o enredo “Ayakamaé: As águas sagradas do sol e da lua”.

Samba campeão da Mocidade Alegre (crédito: YouTube)




Texto: Marcelo Almeyda
Edição: Lívia Martins

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