Escolas apresentam belo espetáculo em festa de lançamento do CD do Carnaval 2019

Evento na Fábrica do Samba levou bom público para curtir a prévia do que será apresentado no Anhembi em março de 2019

"Quando toca a sirene, o coração do sambista batuca também”.

Faltam menos de três meses para o maior espetáculo da Terra e os paulistanos já tiveram um pequeno gostinho do que os aguarda nos primeiros dias do mês de março de 2019. A Liga das Escolas de Samba de São Paulo realizou seu tradicional evento de lançamento do CD de sambas-enredo no último sábado (01), na Fabrica do Samba. Um encontro de milhares de sambistas com o seu público apaixonado por essa cultura que cresce a cada ano.
Mesmo depois de dois dias chuvosos, até o sol apareceu para prestigiar o pequeno desfile das 34 agremiações dos grupos Acesso II, Acesso I e Especial.
Foram quase 17 horas de festa, fato que colocou, mais uma vez, a megalópole do sudeste em evidência nos noticiários do país.
Fogos de artifícios, protótipos, bandeiras e canto afinado fizeram parte do espetáculo e mostraram o que a escolas já ensaiaram para os desfiles oficiais.
Em ampla cobertura, o JIO Folia mostra para você tudo o que aconteceu no evento mais tradicional da nossa folia.

Grande público acompanhou as apresentações das 34 escolas na Fábrica do Samba em prévia do que serão os desfiles oficiais dos dias 01 a 04 de março de 2019 (Crédito: Amantes do Carnaval de São Paulo)

 Time de canto da Barroca Zona Sul antes de sua apresentação (Crédito:Studio Anart43)

Primeiro casal de mestre sala e porta bandeira da Unidos do Peruche que disputa uma vaga no grupo especial do carnaval (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Presidente da Acadêmicos do Tucuruvi Sr. Jamil durante a apresentação da escola (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

O astro-rei mostra suas credenciais, vai começar o espetáculo

A tarde ensolarada de sábado contrariou as previsões de tempo e a região da Barra Funda começou a receber um público ainda tímido e receoso com algumas nuvens no céu. Dentro da Fábrica do Samba, as escolas se preparavam para começar seus desfiles. São 12 escolas que brigam por uma vaga no Acesso I e, posteriormente, o grupo Especial. Casais de mestre-sala e porta-bandeira desfilam pela pista improvisada. A locução oficial anunciou que a primeira escola. Já é carnaval, a folia de Momo abraça a selva de pedra.

Vista da passarela onde os sambistas desfilaram na apresentação de seus enredos. (Crédito: Luiz Henrique/JIO Folia)

Grupo de Acesso II

Destaques: Estrela do Terceiro Milênio, Unidos de Santa Bárbara, Uirapuru da Moóca, Dom Bosco e Imperador do Ipiranga.

Integrada a Liga recentemente, as 12 escolas do grupo de Acesso II levaram grande contingente de suas comunidades  para a Fábrica do Samba.As agremiações trouxeram enredos versáteis com componentes sorridentes e desfilaram como se estivessem no desfile oficial, que ocorrerá no dia 4 março. As escolas apresentaram organização e canto forte.

Após a apresentação das escolas do acesso II, São Pedro decidiu lavar a alma dos sambistas enviando um temporal que começou moderado e, que por alguns minutos, castigou os sambistas do grupo de Acesso I. Nada porém que não fosse superado com a garra daqueles bravos guerreiros que estavam representando os seus pavilhões. Em pouco menos de uma hora, o tempo firmou novamente e, assim, ficou até o final das apresentações da noite.

Grupo de Acesso I

Destaques: MUM, Unidos do Peruche, Independente Tricolor e Barroca Zona Sul.

Chamado de 'grupo da morte' por possuir escolas de grande tradição dentro do universo do carnaval, oito escolas brigam por duas vagas no grupo especial. Da recém-promovida Mocidade Unida da Moóca a Pérola Negra, todas as escolas buscaram deixar as melhores impressões ao público mostrando que estão aptas a desfilarem junto das escolas de elite do nosso carnaval.

MUM: A escola da Mooca provou porque tem encantado a crítica especializada. Com um contingente extremamente organizado, a escola cantou por todo o tempo de desfile. O enredo “Manto Sagrado” foi ecoado por toda escola e a apresentação deixou os presentes ansiosos pelos ensaios técnicos que estão por vir.
Debutando no grupo de Acesso I, a MUM faz sua estreia tendo como objetivo desfilar no grupo especial do carnaval de São Paulo (Crédito: Mundo de Thy/YouTube)

Independente: A volta ao Acesso I parece ter modificado as emoções da escola tricolor. Cantando durante todo o tempo, a comunidade mostrou a organização, característica forte da Independente. Mesmo a forte chuva não impediu a escola de evoluir de forma segura e coesa. Destaques para o time de canto, chefiado por Rafael Pinah, e a bateria Ritmo Forte, do mestre Klemen Gioz.
Buscando retorno ao grupo especial a Independente Tricolor realizou desfile sob forte chuva e surpreendeu os presentes com harmonia e canto impecáveis (Crédito:Amantes do Carnaval de São Paulo/YouTube)

Barroca Zona Sul: A faculdade do samba mostrou porque brigou cabeça a cabeça com Águia de Ouro e Colorado do Brás por uma vaga no grupo Especial na apuração deste ano. Mesmo com o dilúvio que caiu durante sua apresentação, a escola flutuou pela passarela com canto ensurdecedor e harmonia perfeita. O intérprete Pixulé e a bateria Tudo Nosso, do mestre Acerola, sustentaram o canto da comunidade que exaltou Oxóssi no enredo “Ôke Arô”. A apresentação beirou a perfeição.
Mesmo com forte chuva, a Barroca realizou uma das melhores apresentações da noite mostrando porque brigou palmo a palmo com Águia e Colorado pelo acesso ao grupo especial em 2018 (Crédito: SRZD/YouTube)

Nenê de Vila Matilde: Homenageando a madrinha carioca Portela, a comunidade da zona leste cantou alto seu samba-enredo. Com evolução descontraída, a escola foi bem sustentada pela Bateria de Bamba comandada por mestre Matheus.
Prestes a completar 70 anos a águia da zona leste vai a Madureira homenagear sua madrinha Portela (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Leandro de Itaquera: Mais uma comunidade da zona leste na pista. A escola cantou de forma moderada e evoluiu sem sustos. Destaque para o intérprete Juninho Branco e a comunidade cantando a história do caboclo Ubatuba.
Leandro de Itaquera na passarela da Fábrica do Samba (crédito: SRZD/YouTube)

Camisa Verde e Branco: Em reconstrução, o trevo da Barra Funda levou um contingente menor do que as demais escolas ao lançamento do CD. Presa ao tempo estipulado para desfilar, o Camisa teve dificuldades no canto do samba deste ano. Destacamos o time de canto e o intérprete Tiganá.

Vislumbrando áureos tempos o Camisa Verde e Branco se inspira nos contos infantis da Disney mas voltados a África para voltar ao grupo especial do carnaval (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Unidos do Peruche: Uma das escolas mais esperadas do Acesso I não decepcionou em sua apresentação. Com grande contingente e embalada por sua comunidade, a Peruche cantou a africanidade e fez grande apresentação. Destaques para o time de canto, do intérprete Toninho Penteado, e para a bateria Rolo Compressor, do mestre Call.
A Unidos do Peruche vai a mãe África para tentar retornar ao grupo especial no carnaval 2019 (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Pérola Negra: Fechando os desfiles das escolas do acesso I, a escola da Vila Madalena apresentou-se de forma regular. Destaque para bateria Swing da Madá do mestre Fernando Neninho.
Pérola Negra durante apresentação no lançamento do cd carnaval 2019 (Crédito: Amantes do Carnaval de São Paulo/YouTube)

Homenagens ao prefeito e compromisso com a finalização da Fábrica do Samba

Após a apresentação das escolas do grupo de Acesso I, o presidente da Liga-SP Paulo Sérgio Ferreira e todos os dirigentes das agremiações subiram ao palco para homenagear o prefeito em exercício Bruno Covas. O gestor ganhou uma réplica em tamanho menor do troféu dado a escola campeã do grupo Especial. Além disso, Bruno Covas e o vereador Milton Leite foram homenageados com a placa de disco de ouro do CD deste carnaval. Agradecendo ao carinho do mundo do samba, Covas salientou o compromisso em finalizar as obras da Fábrica do Samba. Ele divulgou em primeira mão aos presentes um incentivo federal por meio do Ministério das Cidades. O valor repassado é de 40 milhões de reais. Ao final dos discursos, os pavilhões das escolas do grupo Especial e Acesso I adentraram a passarela anunciando que a elite do carnaval estava por vir.
Os dirigentes das escolas de samba e o prefeito em exercício Bruno Covas no palco o da Fábrica do Samba (Crédito: Divulgação)

O prefeito também foi homenageado com uma réplica do troféu dado a escola campeã do grupo especial do carnaval de São Paulo (Crédito: Marcelo Almeyda/JIO Folia) 

Grupo Especial

Destaques: Acadêmicos do Tatuapé, Águia de Ouro, Mocidade Alegre, Colorado do Brás, Vai-Vai, Dragões da Real, Império de Casa Verde e Mancha Verde.

A elite paulistana entra em cena. São 14 escolas disputando a sonhada taça de primeiro lugar. Mostrando garra, bossas ousadas e enredos que mexem com o imaginário do público, as escolas do grupo Especial realizaram um belo espetáculo. Evidenciamos a organização das escolas e a disciplina dos componentes em realizar uma apresentação digna de cinema - sem spoilers. Apenas uma escola na terça-feira de apuração será a campeã. Não deixe de conferir as cenas que estão reservadas para os dias 01 e 02 de março de 2019 no Anhembi.

Dragões da Real: Sem perder tempo, a escola da Vila Anastácio abriu as apresentações com enorme contingente e sincronizada como um relógio inglês. Falando sobre tempo, a evolução da escola brincou com as frases de efeito do samba tornando a apresentação leve e descontraída.

A Dragões da Real continua sua busca pelo título inédito do carnaval. Em 2019 a escola da Vila Anastácio falará sobre o tempo na passarela do Anhembi (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Império de Casa Verde: Exaltando o cinema, o tigre guerreiro do Brasil impressionou com seu canto forte e organizado. Destaque para a harmonia entre os componentes e a organização dos chefes de ala. A Barcelona do samba, de mestre Zóinho, e o intérprete Carlos Junior incendiaram a apresentação garantindo a coesão e linearidade do canto da comunidade.

A Império de Casa Verde trás o cinema para o sambódromo do Anhembi em busca do tetra campeonato do grupo especial (Crédito: Marcelo Almeyda/JIO Folia)

Mancha Verde: Embalada pela melhor colocação de sua história, a escola da Barra Funda impressionou por seus figurinos e organização no canto de seu samba-enredo. A escola evoluiu de forma constante sob a regência de Jorge Freitas, seu carnavalesco. Destaque para o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcelo Silva e Adriana Gomes, e para o time de canto liderado por Freddy Viana.

Embalada pelo melhor resultado de sua história a Mancha Verde busca o primeiro campeonato no grupo especial do carnaval de São Paulo (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Acadêmicos do Tucuruvi: A escola da Cantareira realizou uma apresentação correta com evolução solta e canto forte nos refrões. Destaque para o casal de mestre-sala e porta-bandeira Kawan e Waleska e para bateria do Zaca, de mestre Guma Sena.

Após incidente com fantasias em 2018 a escola da Cantareira busca título inédito no carnaval 2019 (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Acadêmicos do Tatuapé: Bicampeã do carnaval paulistano, a escola da zona leste mostrou porque entra forte na briga pelo título de 2019. Na apresentação, a Tatuapé mostrou alas organizadas, canto extremamente forte e um carro de som interativo. Destaques para bateria Qualidade Especial, de mestre Higor, e para comissão de frente.

Academicos do Tatuapé apresentou-se mostrando determinação rumo a conquista do tricampeonato (Crédito: Marcelo Almeyda/JIO Folia)

X-9 Paulistana: Homenageando o sambista Arlindo Cruz, a escola da Parada Inglesa caprichou no canto de um dos sambas mais comentados do pré-carnaval. Com um contingente menor de desfilantes, a X-9 esbanjou simpatia e emoção em uma apresentação correta.

A X-9 Paulistana se inspira em Arlindo Cruz para tentar o terceiro campeonato no grupo especial (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Tom Maior: Empolgada com o melhor resultado de sua trajetória, a vermelho e amarelo cantou e mostrou que vem se preparando da maneira correta para conquistar novos desafios. Destaque para bateria Tom 30, de mestre Carlão.

Após conquistar resultado significativo em 2018 a Tom Maior busca consolidar-se entre as gigantes do carnaval paulistano (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Águia de Ouro: Uma das apresentações mais surpreendentes da noite. A comunidade da Pompéia cantou o enredo que questiona a história do Brasil. A primeira parte da apresentação cantada pela sambista mirim Giovana Galdino emocionou os presentes e sacramentou o estilo de Laíla de comandar. As alas desfilaram organizadas e a comunidade mostrou canto linear. A comunidade azul e branco sacudiu a passarela sob a sinfonia da Batucada da Pompéia, de mestre Juca.

Águia de Ouro realizando uma das melhores apresentações da noite no grupo especial (Crédito: Éder Malta/JIO Folia)

Colorado do Brás:  Depois de 25 anos após sua última participação no grupo Especial, a vermelho e branco deu um show em sua apresentação. Cantando o Quênia por meio do fio condutor 'Hakuna Matata', a escola mostrou que está disposta a brigar pelas posições de topo.
Destaque: O intérprete Chitão Martins, que usou um capacete com uma pedra encrustada para promover o seu bordão “prepara o capacete, que lá vem pedrada”, a rainha Muriel Quixaba e a comunidade da Colorado.

Colorado do Brás mostrou que abrirá o carnaval paulistano em grande estilo cantando o Quênia (Crédito: Marcelo Almeyda/JIO Folia)

Mocidade Alegre: Vice-campeã do último concurso, a escola do bairro do Limão mostrou a organização e canto lineares que fazem com que seja uma das favoritas, antes mesmo do período de pré-carnaval. As alas coreografadas em determinadas partes do samba mostraram o domínio que sua presidente e seu time de harmonias possuem. Destaques para o primeiro casal de mestre- sala e porta- bandeira, Emerson e Karina, e para a comunidade que cantou o samba-enredo do início ao fim da apresentação.
Atual vice campeã do carnaval, a morada do samba aposta na lenda do Ayakamaé para voltar a triunfar no grupo especial do carnaval (Crédito: Carnavalesco/YouTube)

Vai-Vai: Cantando a negritude, a escola do povo arrebatou o público com um desfile leve e canto constante. As alas leves e sorridentes demonstravam domínio sobre o samba mais extenso e com nuances e mais difíceis de se executar. Destaque para intérprete Grazzi Brasil e para bateria Pegada de Macaco, de mestre Tadeu e mestre Beto.
Buscando um novo recomeço a escola da Bela Vista exalta a negritude com o enredo "O quilombo do futuro" (Crédito: Carnavalesco/YouTube)

Rosas de Ouro: Cantando a Armênia, a comunidade da Roseira apresentou-se de forma descontraída e canto forte principalmente nos momentos em que o nome da escola era entoado. Destaque para a Bateria com Identidade, de mestre Rafa.

Rosas de Ouro abusou do canto forte principalmente nos momentos em que seu nome era exaltado (Crédito: Marcelo Almeyda/JIO Folia)

Unidos de Vila Maria: Buscando seu primeiro título do grupo Especial a escola do Jardim Japão trouxe grande contingente para Fábrica do Samba. De forma organizada e descontraída, a agremiação apresentou seu enredo em homenagem ao país andino Peru. Destaques para bateria Cadência da Vila, de mestre Moleza, e para comissão de frente.

A Unidos de Vila Maria cantará o país andino Peru no carnaval 2019 em busca do inédito título do grupo especial (Crédito: Marcelo Almeyda/JIO Folia)

Gaviões da Fiel Torcida: Já passava das 4 da manhã e mestre Ciro Castilho adentrou a passarela da Fábrica do Samba com a bateria Ritimão. Embalada pelos presentes que cantaram a plenos pulmões seu samba exaltação, a escola vai reeditar o enredo “A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente” (1994). A comunidade cantou ferozmente o samba que vice-campeonato para a escola há 25 anos atrás. A empolgação foi tamanha que o tempo da escola estourou a os integrantes cantaram sem a presença de Ernesto Texeira e o time de canto. Destaques para bateria Ritimão, e para o público que ficou aguardando até o que a última batida de surdo cessasse.
Reeditando o clássico samba de 1994 Gaviões da Fiel conta com a garra de sua comunidade para voltar ao posto máximo do carnaval (Crédito: Carnavalesco/YouTube)

Texto: Marcelo Almeyda
Edição: Lívia Martins

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