ANÁLISE DOS SAMBAS 2017 – PARAÍSO
DO TUIUTI
Para
uma escola que veio da Série A em 2016, o samba da Tuiuti para o carnaval de
2017 é, no mínimo, preocupante. Tem um refrão até animado e que pode ser o
único ponto que salve a harmonia da escola, que deve sair atrás por ter a
responsabilidade de abrir os trabalhos na Sapucaí. Vamos à análise!
ALÔ
POVO BRASILEIRO… AQUELE ABRAÇO!
CAMINHANDO DEIXO O SONHO ME LEVAR
A ESPERANÇA QUE BRILHA NO MEU OLHAR
É O SEGREDO DESSA VIDA
CAMINHANDO DEIXO O SONHO ME LEVAR
A ESPERANÇA QUE BRILHA NO MEU OLHAR
É O SEGREDO DESSA VIDA
Temos aqui o refrão do samba, que não conta
praticamente nada do enredo. É apenas uma estrofe com mais força para tentar
cair no gosto do público. Depois do samba maravilhoso do ano passado, a Tuiuti
saiu mal na escolha, com um refrão único e pegada mediana, sem menção clara ao
que será abordado no desfile.
É TROPICÁLIA OLHA AÍ… É
TUIUTI
MEU PARAÍSO NÃO EXISTE NADA IGUAL
ORA POIS POIS… SOU TUPINIQUIM
NO PINDORAMA TODO DIA É CARNAVAL
BRASIL RIQUEZA DA MÃE NATUREZA
MEU CHÃO MORADA DA FELICIDADE
SE FOR PECADO… TÔ CONDENADO
EU SOU AMANTE DESSA LIBERDADE
MEU PARAÍSO NÃO EXISTE NADA IGUAL
ORA POIS POIS… SOU TUPINIQUIM
NO PINDORAMA TODO DIA É CARNAVAL
BRASIL RIQUEZA DA MÃE NATUREZA
MEU CHÃO MORADA DA FELICIDADE
SE FOR PECADO… TÔ CONDENADO
EU SOU AMANTE DESSA LIBERDADE
Um dos trechos mais inteligentes do samba, mas que corre um enorme risco
de não ser tão facilmente compreendido. A vida pacata dos índios naquele país
que viria a ser chamado de Brasil contrastava com a cultura dos portugueses,
que chegavam àquela terra tão bonita, de clima tropical. O estilo de roupa
feudal x a nudez nativa. Certo ou errado, depende da cultura. No final, a mesma
língua é carnaval.
DAQUELA LEI SURGIU UM
LAÇO DE UNIÃO
MACUNAÍMA DEVORANDO A ARTE
CORAÇÃO BALANÇOU MUITO SAMBA NO PÉ
LÁ NO MORRO NASCEU NOSSO PARANGOLÉ
A REVOLTA SE FEZ A SEMENTE BROTOU
QUEM VESTIU COLORIU…POR AÍ SE ESPALHOU
MACUNAÍMA DEVORANDO A ARTE
CORAÇÃO BALANÇOU MUITO SAMBA NO PÉ
LÁ NO MORRO NASCEU NOSSO PARANGOLÉ
A REVOLTA SE FEZ A SEMENTE BROTOU
QUEM VESTIU COLORIU…POR AÍ SE ESPALHOU
A lei dos bons costumes serve para justificar o invasor e punir o
nativo. Aí uma crítica sobre o “direito” dos colonizadores de construir uma
nova civilização com os primeiros moradores da Pindorama. A figura mítica do
anti-herói Macunaíma, o preguiçoso que gostava de aproveitar a vida e fugia dos
padrões politicamente corretos. José de Alencar, em sua obra “Iracema”, mostra
o que não se relatava de forma tão íntima nos livros de História tradicionais:
a capacidade de amar e de se relacionar dos povos indígenas. O choque de
culturas que se entrelaçava e aos poucos se completava. Ah, o morro! Lá bate o
coração do carnaval. O batuque, o samba, a alegria, a energia. É o país da
festa, da diversidade de povos.
Ê BAHIA… É LINDO O MOVIMENTO MUSICAL
E SEGUE A MASSA PRA VIVER ESSA AVENTURA
QUANTA MISTURA… INTERCÂMBIO CULTURAL
E NA TERRA DA GAROA… TROPICALISTA
DEBOCHANDO NUMA BOA… SALVE O ARTISTA
E SEGUE A MASSA PRA VIVER ESSA AVENTURA
QUANTA MISTURA… INTERCÂMBIO CULTURAL
E NA TERRA DA GAROA… TROPICALISTA
DEBOCHANDO NUMA BOA… SALVE O ARTISTA
A força dos “novos baianos” estimula a criação de um novo gênero
musical. O tropicalismo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria
Bethânia diverte e debocha do período de repressão da época, a ditadura
militar. Na época, São Paulo era o centro cultural do país. Na cidade da arte,
a “pauliceia desvairada” que inovou em 1922 com a Semana de Arte Moderna, abria
os braços para as diversas formas de expressão espalhadas pelo Brasil. Essa
migração não foi de fácil adaptação, até porque “Narciso acha feio o que não é
espelho”. Os nordestinos seguiram viajando em busca de maiores perspectivas, na
construção daquela que seria a capital da república. União de povos em um
intercâmbio de raças que caracteriza a nação “bruzundanga”, como dizia Lima
Barreto.
DEGUSTAR E CONSUMIR FOI
A OPÇÃO
TANTAS FLORES NOS JARDINS
ENCARANDO A OPRESSÃO
MAS RAIOU O SOL
ILUMINANDO OS VERSOS DA CANÇÃO
TANTAS FLORES NOS JARDINS
ENCARANDO A OPRESSÃO
MAS RAIOU O SOL
ILUMINANDO OS VERSOS DA CANÇÃO
Na cidade da gastronomia, tudo se reinventa. A beleza da natureza, seus
gostos, suas faces... tudo isso gera canção. Tropicália não é apenas um
movimento, é um estilo de vida. A liberdade tão almejada, “o que eu quero é
cantar”. O “Velho Guerreiro” faz escola. Nos programas de auditório, destaque
para Silvio Santos, Bolinha, Flávio Cavalcanti, Pedro de Lara e tantos outros.
O talento de cantar a vida é para poucos. Porque Tropicália é ser feliz!
O samba segue a linha do enredo, que mistura muitos
assuntos em um só, correndo riscos desnecessários em relação à cronologia e
clara exposição de todos os eventos. A melodia tem várias falhas, tornando-se
cansativo até o esperado retorno ao refrão. O experiente intérprete não
consegue melhorar muito o panorama. Boa sorte na Avenida!!!
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