ANÁLISE DOS SAMBAS 2017 – UNIDOS DA TIJUCA
Escrito por Hyder Oliveira.
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A escola mais regular e organizada da década traz para o
carnaval 2017 um enredo muito interessante, baseado no encontro entre
Pixinguinha e Louis Armstrong, no Palácio das Laranjeiras, ocorrido no ano de
1957, organizado pelo presidente da República em exercício, Juscelino
Kubitschek. Porém, o samba não fez jus à curiosa sinopse e conta com muitas
falhas, sobretudo de continuidade e leitura setorizada do enredo. Vamos
entender um pouco!
Invade
minh’alma a linda canção
No tom da vitória chegou meu pavão
Com samba no pé, nós vamos à luta
To na boca do povo, meu nome é Tijuca
No tom da vitória chegou meu pavão
Com samba no pé, nós vamos à luta
To na boca do povo, meu nome é Tijuca
Refrão principal que faz a clássica exaltação ao pavilhão e
ao símbolo da escola. Há uma discreta menção ao enredo no primeiro verso, ao citar
a palavra “canção”, mas não introduz o que será abordado nos momentos
seguintes. A melodia é limitada, mas tem nas rimas sua maior força, gerando o
momento mais agradável do samba, o que não é um grande elogio.
Sinta o som…
É melodia, música
Negro dom que acalentava os nossos ancestrais
É muito mais, é liberdade a luz da inspiração
Hoje a Tijuca é quem dá o tom em notas e acordes musicais
Viaje na barca das canções
Um jazz embalando os corações
Num sopro a saudade, a moda country se eternizou
E o meu Borel americanizou
É melodia, música
Negro dom que acalentava os nossos ancestrais
É muito mais, é liberdade a luz da inspiração
Hoje a Tijuca é quem dá o tom em notas e acordes musicais
Viaje na barca das canções
Um jazz embalando os corações
Num sopro a saudade, a moda country se eternizou
E o meu Borel americanizou
Estrofe muito mal
utilizada diante do que a sinopse forneceu. Esse primeiro setor é como que uma
conversa do Louis Armstrong falando sobre as raízes do jazz americano. Tudo
começou com a forma de lamento e superação dos negros diante das adversidades
encontradas. Os cânticos de louvores espirituais foram começando a ganhar o
mundo e outros contornos melódicos, que foram chamados de blues. Em Nova Orleans, as brass bands começavam a tocar em
funerais, com uma característica peculiar: ritmo lento em homenagem ao falecido
na ida e ritmo intenso na volta, com trompetes e instrumentos de sopro. Nascia
o jazz. Com a difusão dos ritmos, acrescentando violino, violão e o banjo, a
música country surgiu com força.
Chega,
my brother… vem ver
A batucada é de enlouquecer
Pura Cadência de bambas juntou guitarra e pandeiro
Ta aí um soul de um jeito brasileiro
A batucada é de enlouquecer
Pura Cadência de bambas juntou guitarra e pandeiro
Ta aí um soul de um jeito brasileiro
Refrão do meio
bem forçado. Da mesma forma que critico expressões afro perdidas no meio do
samba apenas para fazer uma referência ao enredo, a frase “chega, my brother” é
de um mau gosto extremo. Na sequência, uma exaltação à bateria tijucana – de
altíssima qualidade, por sinal – com os instrumentos característicos do rock’n
roll. No fim, uma comparação entre o soul,
gênero afroamericano de conscientização da cultura negra, com o samba, de
raízes negras, das mulatas, dos malandros e boa parte da velha guarda, que traz
essa alegria e resposta contra os preconceitos e tabus presentes no meio
musical.
Ôôô… o som do rock ecoou
Nas ondas do rádio embalou gerações
As baladas do cinema despertam
Tamanhas emoções
Mudando de hábito o pop é samba
Deixa chover que hoje eu vou cantar
Sou eu da nação tijucana mais um pop star “vem com a gente sambar”
A musicalidade desse seu país
Virou paixão universal
Nessa avenida, rege o enredo do meu carnaval
Nas ondas do rádio embalou gerações
As baladas do cinema despertam
Tamanhas emoções
Mudando de hábito o pop é samba
Deixa chover que hoje eu vou cantar
Sou eu da nação tijucana mais um pop star “vem com a gente sambar”
A musicalidade desse seu país
Virou paixão universal
Nessa avenida, rege o enredo do meu carnaval
Na última estrofe, três setores estão presentes. O rock
revolucionou a cultura mundial, sobretudo com o surgimento do inesquecível
Elvis Presley, que marcou gerações e garantiu a difusão desse gênero musical ao
redor do planeta. Depois de ouvir, era o momento do público se emocionar ao ver
a música movendo ações. Com o passar do tempo, as trilhas sonoras de filmes
passaram a ser grandes identidades e temas constantes em relacionamentos. Com a
popularização musical, novos ritmos mais intensos, elétricos e agitados
passaram a ocupar lugar cativo nas rádios. A geração do pop se consolidou e
virou uma verdadeira “febre” na juventude atual. Nomes como Michael Jackson,
Prince, Mariah Carey e tantos outros são pilares de um gênero que cresce
gradativamente no mundo inteiro. E nessa mistura de culturas e ritmos,
Pixinguinha mostra ao Louis Armstrong que somos o país do samba e carnaval.
A Tijuca é uma escola com competência de sobra para fazer a
comunidade abraçar qualquer samba e transformar em um espetáculo,
principalmente com a bateria extraordinária que tem. Mas é inegável que o samba
não condiz com a história da agremiação, sempre muito competitiva quando
disputa o carnaval. Porém, é apenas um quesito, que bem trabalhado na avenida
pode gerar ótimos resultados. Tijuca é Tijuca. Vem trabalho bonito e forte por
aí! Borel como sempre favorito a voltar no sábado das campeãs.
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