Análise de Enredos RJ 2016 - União da Ilha

Olímpico por natureza... Todo mundo se encontra no Rio.”



Partiu Rio...
- Atenção senhores passageiros do voo Olimpo/Rio, direto, sem escalas: dentro de alguns minutos estaremos aterrissando no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na cidade do Rio de Janeiro. Mas, desde já, avisamos: esta cidade é “irada”, percam a linha à vontade!
E assim a “turma de Zeus” atravessa a Linha do Equador e desembarca no Rio, num domingo de sol. Pecados não sabemos se há, mas podemos dizer que isto aqui é uma tentação! Até mesmo para os Deuses. Curiosos por conhecer esta terra, este povo, cheio de “bossa”, cheio de “ginga”, sem “vacilo”.
Os cariocas são dourados...
O Rio de Janeiro tem sua pira olímpica natural brilhando e iluminando a cidade o ano inteiro: o sol. O astro-rei convida o carioca a celebrar a vida ao ar livre, dourando seus corpos. Um povo aquecido pela alegria de viver, que adora o seu despertar incandescente e aplaude o seu repouso, atrás da linha do mar, num maravilhoso espetáculo proporcionado pela natureza.

Já no começo da sinopse podemos entender que o foco central do enredo não é as olimpíadas, mas sim o Rio de Janeiro, com o encontro de todos os deuses em um domingo de sol para celebrar o carnaval, celebrar o povo. O começo será um aviso a quem vier o Rio de Janeiro, sobre como é o carioca, o que ele gosta de fazer, o jeito do povo, o perfil e a personalidade.

Afinal, quem gosta de dias nublados?
Vem amor
Vem à janela ver o sol nascer
Na sutileza do amanhecer
Um lindo dia se anuncia...”
O carioca nasceu para nadar...
O carioca tem intimidade com a água desde sempre. Golfinhos são ostentados no brasão da cidade que nasceu e cresceu à beira-mar. Na água salgada do mar, ou na água doce dos rios, lagoas e cachoeiras que banham a cidade, o povo se revela um verdadeiro ser aquático.

Aqui podemos ver a intimidade do carioca com a praia e as águas. Conta também um pouco da história da cidade, com o brasão da bandeira do Rio de Janeiro, ostentando golfinhos, símbolo de uma cidade que “nasceu e cresceu à beira-mar”. E aqui não falamos apenas em praias, mas em lagos, cachoeiras, rios e cascatas.
Veleiros que passeiam pelo mar...”
O carioca nasceu para correr...
Terra, montanha, floresta, areia e asfalto. A geografia carioca é um convite para o movimento. Passo a passo, a cidade desenha seus caminhos sempre em direção à beleza. Correndo, pedalando, escalando, desbravando alguma trilha ou disputando alguma bola, o povo faz de sua terra um solo sagrado para a celebração do esporte.

Aqui uma clara referência aos esportes praticados na beira da praia, como corrida, futvôlei, ciclismo, trilhas pelas florestas da cidade, enfim.

Veja o despertar da natureza
Olha amor quanta beleza...”
O carioca nasceu para voar...
Voar é para os pássaros... e para o carioca também!
A sensação de liberdade não tem preço para esse povo livre de formalidades. Os ventos que sopram pelos ares da cidade inflam e impulsionam seus habitantes voadores, levando-os para onde quiserem, num mergulho entre o verde e o azul, com o horizonte aos seus pés.

O carioca é um ser livre. Nesta parte da sinopse podemos perceber um povo sem formalidades e burocracia, sem “frescura”. A liberdade é uma coisa intrínseca do povo carioca. Fico curioso pra saber como essa parte será repassada para o desfile, e como estará representada em fantasias e alegorias.
Vai o sol e a lua traz no manto
Novas cores, mais encanto...”
O carioca nasceu para curtir...
O carioca tem vocação para a felicidade. E antes acompanhado do que só para curtir um som, uma “vibe”, um lugar, trocar uma ideia. O maior prazer deste povo é fazer com que todos se sintam à vontade em sua “casa”. E o que o carioca faz de melhor é se juntar, se misturar, confraternizar. O carioca simplesmente se encontra e, no Rio, todos acabam sendo “irmãos”, “brothers”. Pessoas de todas as partes do planeta se encantam pela Cidade Maravilhosa e pelo seu povo que recebe a todos de braços abertos. O espírito olímpico é o espirito carioca.
Mas eu que sou do samba
Vou pro terreiro sambar...”
Todo mundo se encontra no Rio.
Mas, e os Deuses? Aqueles lá do início, que chegaram do Olimpo... Andam por onde?
Ah, eles agora andam por aí, sorrindo à toa. Encantados com tanta beleza, “curtindo”, “azarando”, “formando”, “na moral”!
A passagem de volta? Tem mais volta não. O Olimpo é aqui!
O Rio de Janeiro é a terra dos Deuses e dos cariocas, mas também é a terra dos americanos, dos europeus, dos africanos, dos asiáticos, dos oceânicos e de quem mais chegar.
Pois todo mundo se encanta com o Rio.
Todo mundo se encontra no Rio!
E Zeus mandou avisar:
- Prepare o seu melhor sorriso, pois os Jogos vão começar!
Já é! 

A parte final da sinopse é apenas um complemento do que já haveria sido escrito. Destaque para a parte que diz que não tem mais volta, que os deuses se perderam na “cidade maravilhosa”, e que o Rio de Janeiro é uma terra onde todo o mundo se encontra, pessoas de todos os continentes. Não é a toa que o enredo se chama “Olímpico por Natureza, todo mundo se encontra no Rio”.

Enfim, um enredo lindo e bem desenvolvido, mas que pode ser confundido pelos jurados da seguinte forma: este enredo é sobre o carioca ou sobre as Olimpíadas? Eu faço uma interpretação bem simples: é um enredo sobre o espírito do carioca, que é “olímpico por natureza”.


Eu particularmente gosto do enredo, e acho que pode render bem na avenida. Os carnavalescos construiram bem a sinopse, e cabe a eles desenvolverem bem plasticamente para que a Ilha tenha sucesso.

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