Análise de Enredos RJ 2016 - Grande Rio

“Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei…”


No girar de uma ciranda, fui com a Grande Rio no Itororó beber água e não achei. No entanto, encontrei na história águas límpidas que jorravam de uma fonte de beleza peculiar. Conta a lenda que “quem bebesse daquela água nunca mais deixaria a cidade”. E assim, durante longo tempo, as águas brotavam do meio da rocha, alimentando um pequeno rio e a fonte que matou a sede, e ainda refrescou o patriarca da independência, príncipes, reis, imperatrizes e imperadores, marcando suas existências para sempre naquele lugar.
O enredo começa com uma lenda da cidade de Santos, que não é preciso ser explicada. Enredos baseados em lendas me agradam, e talvez essa seja a melhor parte do enredo, o mágico e o imaginário juntos, combinando perfeitamente com o carnaval. Excelente jogada de Fábio Ricardo em um enredo que lhe foi imposto, ou seja, não autoral.
E, como o rio corre em direção ao mar, navios aportavam num primário porto, marcado pelo vai e vem de “mercadorias de mão” e “mãos de mercadoria”, movimentando a Vila do Açúcar, como era conhecida a região. Nos ventos que cortavam os engenhos de açúcar o aroma atiçava não somente portugueses, que dominavam as terras do lugar:
“…Aproveite minha gente, que essa é a hora
Se o galo cantar agora, os corsários e piratas
chegam, fazem a limpa e vão embora
Oh, Santa Maria, oh Nossa Senhora
Pelos altos desses montes, nos guarde nessa hora
Sozinhos não ficamos, nem vamos ficar
Vem chegando a Família Real para os portos liberar…”

Aqui se falam dos portos, das mercadorias que ele movimenta, a chegada da família real. Também uma passagem interessante, mas que vai perdendo o brilho do início. 
Para beber da famosa fonte chegavam imigrantes de todos os cantos do mundo. Surgia, então, um novo ambiente pelos trilhos dos bondes da nova cidade, que passou a tomar gosto pelo aroma “do café”, favorecendo a “bolsa” do comércio local rodar o mundo.
Santos desponta como uma cidade dedicada à prática de esportes e lazer, por esses e outros motivos, tornou-se expoente nacional de qualidade de vida. Seus mares propícios ao surf e ao remo e seus campos “férteis” onde surgiu o “Glorioso Alvinegro”, gerando um celeiro de craques. Astros da bola que alimentaram a maior paixão nacional, o nosso futebol-arte. Despontou, a partir do sucesso nos gramados, o “peixe”, o supercampeão Santos F.C.
Péssima abordagem, na minha opinião, para se falar de um dos maiores clubes da história do futebol brasileiro. Aqui poderia ter rolado um desenvolvimento maior e melhor, mais detalhado, que renderia maior curiosidade, tanto ao jurado, quanto a quem vai assistir o desfile. 
E quem diria que essas águas um rei batizaria? Quem antes se curvava para lustrar sapatos, hoje tem o mundo curvado aos seus pés. Coroado até pela Rainha como Sir-Cavalheiro, este é o Rei Pelé, Atleta do Século que, como todo rei, deixa legados e herdeiros como os príncipes Neymar e Robinho.
Não sei se dou risada ou choro. Se choro, não sei se de pena ou de vergonha alheia. Na minha opinião, essa é a parte que mais deveria sofrer alterações. Falar de Pelé em 2, 3 linhas é uma vergonha. Atrelar esse nome ao futebol de Neymar e Robinho e deixar isso em "gigantes" quatro linhas é pra matar. Enfim, espero que seja bem desenvolvido.
Por fim, as águas do Itororó lavam a alma do povo santista, que de seus encantadores pontos turísticos, recebe feliz e satisfeito quem em seu novo porto desembarca de todas as partes do mundo, para conhecer a cidade pela qual me apaixonei…
Mais do mesmo, retomando um pouco o início do enredo.
Esperava um pouco mais de Fábio Ricardo. Quem viu a estreia dele no grupo especial em 2012 com a São Clemente, com um enredo extremamente batido, mas muito bem desenvolvido, com uma sinopse de encher os olhos, se espanta ao ler o texto acima. Não conheço Roberto Vilaronga e qual a sua interferência nessa sinopse, mas certamente não foi boa. A Grande Rio deve apostar na sorte de sempre ter bons resultados. Que dê tudo certo para a escola de Caxias!
Fábio Ricardo e Roberto Vilaronga

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