Análise dos Sambas (Grupo Especial SP) - Pérola Negra

Seguindo com as analises dos sambas paulistas do grupo especial hoje vamos com a segunda escola a definir o seu samba, a Pérola Negra! A escola da Vila Madalena levará para a avenida o enredo sobre as danças na história, desde a colonização dos portugueses até hoje em dia, desenvolvendo-se sempre no bairro onde a escola se localiza. Um samba alegre que faz valer o tema e vai fazer literalmente o folião “balançar o esqueleto”.



“É na ginga da dança... Que eu vou

Solta o corpo e balança... Amor

Vem ver como é que é

Samba na ponta do pé
Perola Negra vem nos passos do balé”


O refrão de cabeça deste samba é de uma extrema felicidade onde o Juninho Branco poderá e sem dúvidas irá brincar muito, é composto por 5 versos, (mesmo na letra divulgada constando quatro fazendo uma anexação entre o terceiro e o quarto). Com os dois versos iniciais que se concluem com resposta terminada em sonoridade (ô) ambos tem a função de apresentar o tema da escola que é a Dança, logo após vem três versos com terminação em (é) onde PESSOALMENTE não me agrada principalmente o último verso onde dá a entender que o enredo é sobre Balé. Tenho uma opinião desde quando acompanho carnaval que o Samba de uma escola que abre os desfiles não pode ser do mesmo modo que seria caso estivesse desfilando no meio da madrugada, com um refrão explosivo que é esse e muito empolgante que é sua marca principal, ele cumpre com seu dever fielmente, mesmo tendo suas três terminações em (é) sendo de certo modo feia esteticamente.

“ É carnaval, a minha vila contagia

A joia rara te convida pra dançar...”


A chegada para a primeira parte do samba é acelerada, mas nada que danifique sua composição, neste segundo momento do samba é feito um convite depois da apresentação da escola, nada além.

“...O som da mata ecoou em sinfonia
A revoada vai cortando o ar
Das águas, o bailar da sutileza
Celebrando a Natureza
O Índio cantou e dançou a noite inteira”


A partir daqui se inicia o desenvolvimento do enredo pra valer, estes cinco versos transmitem o “Bailar da Mata Atlântica” onde se inicia o desfile da Perola, lindos versos uma poesia bem empregada destaco o segundo verso onde tem uma prolongação após o “ar” dando mais riqueza ao samba, que é aonde a melodia vira e fica de certo modo mais cadenciada.

“...Da fé rituais em louvor, ôô
Tem Cheiro de Mato, O som da viola embalou...”


É dada a entrada para o refrão central, dando um salto histórico que não é uma falha pois na sinopse aponta deste modo, o primeiro verso desta parte tem uma brincadeira com o verso que serve como complementação do mesmo para não perder a beleza estética do samba, a saída é boa, e na verdade toda a primeira parte do samba é bem trabalhada, palmas aos compositores.

“Negro firma o batuque, na palma da mão

Vem no toque de Angola, levanta a poeira do chão

Fazendo festa pro seu rei coroar

Semba Ioio, Samba iaiá...”


Chegamos ao refrão central do samba, talvez a parte alta do samba junto com o refrão de cabeça, onde é exclusivamente feito para os negros no Brasil onde fica bem claro de uma forma brilhante em qual momento da sinopse é demonstrado, a entrada é ótima e a melodia é gostosa, no terceiro verso há uma crescente tendo um ápice do tom no coroar, e por fim colocaram um “ioiô, iaiá”, que combina com tudo então tá ótimo (kkkk)

“Ê sanfoneiro... 
Puxa o fole bem ligeiro pra folia começar
Bate zabumba e pandeiro
Tem quadrilha no arraiá...” 


Saindo do refrão nos deparamos com uma rima cruzada 1-3 / 2-4, há uma desaceleração no samba quando se chega nessa parte, e mais uma vez exalto a facilidade em transmitir o enredo nesse samba, deixo meus parabéns aos compositores e principalmente ao autor da sinopse que facilitou e muito a vida dos compositores, para fazer esta bela obra.

“Nas ruas o povo espalha a alegria 

A boemia encontra seu santo lar 

De portas aberta a cultura 

Ritmando a mistura da arte popular...”


Na parte mais “calma” do samba não podia de deixar claro de falar da boemia da Vila Madalena, cita a Santa Casa de forma implícita uma bela sacada, diga-se de passagem, a rima aqui é bem trabalhada, o verso 1 e 3 rimam respectivamente com o centro do verso 2 e 4, isso trás uma beleza ao samba que me agrada muito principalmente pois com isso não aparenta ser forçado que os sambas de hoje em dia estão fazendo muito, por fim os dois últimos versos são uma preparação para a ascensão novamente que virá a ter no samba.

“Olê, olê! Olê olá! 

Faz mais um eu quero ver 

A galera delirar...”


Parte dedicada ao momento mágico que o bairro viveu ano passado com a copa do mundo, o efeito que esse tal de “ole ole” causa nos sambas em geral quando bem empregado é algo a ser estudado, e neste caso não é diferente, trás um gás a mais antes da finalização do samba.
OFF SAMBA- Confesso estar ansioso de como será feita essa abordagem da Copa do Mundo no desfile.
“E nesse embalo la vou eu... 

Sacudindo os madalenas 

           Vai até quem já morreu...”         


A finalização deste verdadeiro samba-alegria, fazendo uma referência até mesmo ao cemitério São Paulo, DEVE SER uma finalização de desfile bem irreverente, logo me vem a cabeça a festa dos mortos do Rosas de Ouro de 2013.

No geral um samba muito bom, onde segue fielmente a sinopse, mas não vira escravo do mesmo, uma jogada muito boa dos compositores com algumas partes onde consegue transformar um difícil em um baita espetáculo, um samba que fará como dito inicialmente fazer o folião sambar, cantar, dançar, requebrar, balançar uma bela escolha da Perola Negra que a meu ver fará uma entrada muito boa, bom, pelo menos samba tem pra isso.

Esta é a segunda análise caso você não conferiu ainda a primeira referente ao samba do Império de Casa Verde entre neste link: jiofolia.blogspot.com.br/2015/08/analise-dos-sambas-imperio-de-casa-verde.html a próxima análise será sobre o samba da Dragões da Real, em breve será postado,

Abraços a todos
Boa Sorte a Joia Rara do Samba, Avante Perola!



“JIO mais que um grupo de carnaval, UMA FAMILIA!”

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