Análise dos Sambas (Grupo de Acesso SP) - Mancha Verde




Olá leitores do JIO, a partir de hoje eu, Luiz Henrique irei fazer uma coluna semanal, analisando os sambas do Grupo de acesso do Carnaval de SP para 2016, lembrando que é uma análise pessoal, sem levar a risca o regulamento e os balizamentos que os jurados usam para dar notas ás escolas, é apenas uma analise para todos poderem dar suas opiniões e debatermos referente ao assunto...


Vamos começar pela 1ª Escola que anunciou seu enredo, no caso uma reedição do Carnaval 2005, penúltima colocada no Carnaval 2015, a Mancha Verde vem com o enredo “Da pré-história aos transgênicos: Mato Grosso. Uma Mancha Verde no coração do Brasil"... Compositores: Vaguinho, Jaú, Turko, Celso, Ademir, Levi Sintonia, Fabinho LS, Marcos, Thiago, Victor, Tucuruvi da Mancha, Duda, Lelé, Divino, Marquinhos, Pindaia
MANCHA em poesia
Na história foi buscar
um carnaval pra te emocionar
Mato Grosso terra cheia de encantos
De metamorfose radical
Admirar, sua formação sua grandeza
Relicário de beleza, no coração do meu Brasil
Na chalana naveguei, pelo mar de Xarayés
O meu sonho conquistei, encontrei o meu amor
Onde o verde é a esperança e o branco é a paz
O meu samba é a MANCHA que o tempo não desfaz

A primeira parte do samba, começa a citar o Estado de Mato Grosso onde segundo relatos, milhões de anos atrás a região passou por uma “metamorfose radical” onde as geleiras viraram desertos e depois uma floresta radical. A partir do 6º verso,  o samba faz uma menção as belezas do estado do Mato Grosso, onde uma Chalana (barco) o leva para a lenda do mar do Xarayés, onde contam que no passado, toda a região foi coberta um oceano gigante, que com o tempo foi secando, sobrando somente uma área alagada e pequenas baias por águas salgadas, o nome foi batizado em homenagem a uma antiga tribo que ali habitava, nos 3 últimos versos que antecedem o refrão do meio, a escola faz uma alto exaltação.
Essa primeira parte do samba, é muito bem construída, sem versos e rimas obvieis, tem uma variação melódica maravilhosa, e o samba explode na hora certa antes de chegar no refrão do meio.

Iê eis o bailar das borboletas
Iê a passarada a revoar
Flora traz a melodia
Vitória-Régia és o meu cantar

O refrão cita o chamado bailar das borboletas que acontece no Pantanal do Mato Grosso, citando sua infinidade de espécies de pássaros e flora, terminando com uma das mais famosas lendas Folclóricas de nosso país, a lenda da Vitória-Régia.
Essa parte do samba, apesar de não ter uma explosão que é comum em refrões de Samba Enredo e pelo motivo de ser curto, ele é e muito bem construído possui uma melodia muito boa, considero uma das partes que mais se destaca do samba.

Cerrado, que viu nascer a febre do ouro
Em Vila Bela este imenso tesouro
Virou cobiça e ambição
No Guaporé negro lutou, contra o terror
Quanta bravura, hoje faz valer sua cultura
Alto-Xingú, o índio gigante guerreiro
O Araguaia e o povo místico, verdadeiro brasileiro
Cenário de grande ascensão
Deus abençoe este grão, tens o futuro a conquistar
O mundo, sagrada raiz
Mato Grosso meu estado, meu país


A segunda parte do samba retrata o Cerrado Mato-Grossense, assim como a febre do ouro ocorrida por volta de 1729 em Vila Bela cujo foi a primeira capital do estado, cita também a luta dos negros, que trabalhavam na extração e mineração de ouros e diamantes no Vale do Guaporé durante 270 anos, logo após o enredo faz referência á área de preservação do Auto Xingu, o misticismo que existe no Araguaia, o samba chega a sua parte final, fazendo uma alusão ao Estado de Mato Grosso que nos dias de hoje é o maior exportador de grãos do País.
A segunda parte embora seja bastante extensa, é a parte mais bonita do samba, novamente com variações melódicas belíssimas, com letra muito bem construída, onde os compositores não exageraram nas rimas.

Vai passar a mais querida
MANCHA VERDE na avenida
De "chapa e cruz" mato-grossense eu sou
Que esplendor

O refrão principal do samba, é muito bem construído, exalta bem a escola e o enredo a ser apresentado, porém considero a parte menos inspiradora do samba, ele possui rimas obvieis como querida/avenida, porém mantem o belo nível melódico que o samba possui.


Considero esse juntamente com 2006 (2014) o melhor samba enredo da História da Mancha Verde, um samba muito bem construído onde a escola fugiu da linha de desenvolvimento dos chamados enredos CEPS, o que facilitou os compositores a construir essa bela obra, o maior destaque desse samba é a melodia dele que é extremamente belíssima, talvez o refrão principal seja o ponto fraco do samba, mas mesmo assim não prejudica a qualidade da obra. Vale destacar que esse samba ficou imortalizado na voz do Vaguinho, em 2016 quem defenderá esse samba será Freddy Vianna, ouvindo o samba que a escola divulgou na voz do Freddy (http://manchaverde.com.br/site/?audio=samba-enredo-2016), nota-se que o mesmo manteve a ótima qualidade da obra vamos aguardar se o mesmo ira conseguir ir tão bem como foi o Vaguinho em 2005.
A Mancha Verde tem um belíssimo samba jogando a seu favor, para tentar retornar ao Grupo Especial, semana que vem irei fazer a análise da 2ª Escola do Grupo de Acesso que escolheu seu samba enredo a Imperador do Ipiranga. 

Comentários