Defensores do pavilhão, no palco do carnaval do povo: Intendente Magalhães - Monica Menezes

Foto: Nobres Casais
Dá série "Defensores do pavilhão, no carnaval do povo: Intendente Magalhães." vamos conhecer a carreira da grande porta-bandeira do G.R.E.S Acadêmicos do Engenho da Rainha, onde este ano retornou para continuar seu trabalho, Monica Menezes que já está a 21 anos no carnaval como porta-bandeira. O curioso nesta entrevista que a mesma fala mesmo sobre a estrutura dos desfiles da Intendente onde não tem respeito com os próprios profissionais que ali desfilam.

JIO FOLIA – Bom dia Mônica, você aprendeu a dançar em uma escola voltada para a dança do mestre-sala e porta-bandeira ou no ambiente familiar com algum parente/amigo(a) mestre-sala/porta-bandeira ? Em que ano isso ocorreu ?

Mônica – Quando eu tinha 7 anos de idade vi um desfile na minha rua e nesse desfile havia uma porta-bandeira, e eu disse que queria ser porta-bandeira. Aos 14 anos de idade conheci a quadra do G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro a onde fiquei encantada com as meninas sambando, aprendi a sambar, fiz testes, fui passista até quando surgiu a vaga de 2° porta-bandeira do Salgueiro, Dioniso já na época disse que me ensinava e foi quando eu aprendi e realizei meu sonho de ser porta-bandeira... Nunca esqueci a imagem da porta-bandeira do Unidos do Cabral passando na minha porta. Já dançando fui me aperfeiçoar no projeto Manoel Dionísio onde hoje sou instrutora. Comecei a dançar em 1994.

JIO FOLIA - Qual foi a sua primeira escola como Porta-Bandeira? O primeiro desfile foi complicado?

Mônica – Minha primeira bandeira foi do G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro. E se foi complicado ? Foi não, foi muito gostoso pois estava realizando um sonho.

JIO FOLIA - Você vem construindo uma bonita história como Porta-Bandeira. Você acredita que a manutenção de um casal em uma determinada escola contribui para o bom desempenho do mesmo?

Mônica – Sim, claro ! Acho fundamental. Sempre bom a cada ano que passa você ir treinando, se lapidando, complementando, até porque, desde quando comecei, a dança mudou muito e se talvez eu não tivesse me reciclado eu não estaria aqui hoje...

JIO FOLIA - Como é sua rotina de ensaios e sua preparação pré-carnaval?

Mônica – Minha preparação é dançar e ensaiar bastante. Como disse antes, é primordial isso, cada ano que passa muda muita coisa e sempre temos que ter uma novidade. A dança tem dois tipos, quadra e avenida e é sempre bom ter novidade nas duas partes. A minha preparação é muito ensaio, não parar, continuar ensaiando mesmo depois que o carnaval acaba com uma freqüência menor e conforme vai se aproximando vai aumento o ritmo de ensaios.

JIO FOLIA - Em sua opinião e gosto, qual item você adora ver o mestre sala usar, leque, bastão ou lenço ?

Mônica – Bom dos três, eu prefiro o leque. Com o leque a postura do mestre-sala muda completamente de um lenço e um bastão. E eu gosto porque quando o mestre-sala dança com o leque ele se torna sem querer mais tradicional e a postura, elegância fica nítido. Eu gosto dos outros dois, respeito, a preferência é de cada mestre-sala, mas se eu pudesse escolher eu escolheria o leque. Para a postura do mestre-sala olhando de fora é muito lindo na minha opinião.

Foto: Humberto Arnandin

JIO FOLIA - Qual foi o desfile mais emocionante da sua vida?

Mônica – Teve um ano que fiquei sem escola, e surgiu a oportunidade de dançar no Unidos do Cabral, onde eu vi aquela porta-bandeira linda dançando na minha rua e pra mim foi uma honra. Na época dancei com o Kadu(Carlos Eduardo), foi meu primeiro ano ao lado dele. Naquele ano foi muito complicado pois entrei perto do carnaval, além disso no dia do desfile todos os carros quebraram, e em seguida o presidente disse que não teria mais desfile porque todo mundo havia ido embora e eu poderia ir embora também, porém quando eu olhei estava a bateria e a velha guarda. Olhei para o Kadu e disse: “Kadu, não vou deixar o pessoal sem o pavilhão, vamos desfilar sim”. E engraçado que quando passamos pela bateria, a bateria estava tão desiludida que eu gritei “vamos lá, vamos dançar !”. E lá fomos nós, apenas comissão, casal, bateria e velha guarda. Tiramos nota máxima, e eu fiquei muito feliz com aquilo, passamos com muita garra... Acho que esse foi o desfile mais emocionante.

JIO FOLIA Como toda porta-bandeira sempre queremos dançar em uma escola em especial... Qual escola você deseja defender o pavilhão um dia ou você já realizou isso ?

Mônica – Já realizei sim, no ano 2014, onde fui 1° porta-bandeira do G.R.E.S Arranco do Engenho de Dentro, escola que reside no bairro onde moro.

JIO FOLIA - Você tem alguma porta-bandeira que você considere como sua inspiração? Qual?

Mônica – Maria Helena, a porta-bandeira que me ajudou muito e hoje a porta-bandeira que tem uma raça tremenda é a Denadir(1° Porta-bandeira da São Clemente).

JIO FOLIA - Existe algum preconceito em relação aos casais da Intendente? A classe é unida?

Mônica – Bom, eu acho que poderia ser mais unida... E quanto eu puder lutar para que isso aconteça eu vou lutar.

JIO FOLIA - Você acha que a contratação de coreógrafos ou preparadores de casal é fundamental para uma escola que visa o 10 em todas as cabines de jurado ?

Mônica – Eu acho bom ! Uma ajuda é sempre bem vinda, mas quando os profissionais se entendem, onde o coreógrafo/preparador escute o que o casal tem a dizer e vice-versa.

JIO FOLIA - Sabemos o quanto é tenso, uma apresentação na frente dos Jurados durante os defiles. Como você se sente neste momento ? Rola um friozinho na barriga mesmo ou o Casal tira de letra e segue com a apresentação sem dificuldades ?

Foto: Jaylton Pimentel
Mônica – Bom, eu fico tranqüila antes e durante do desfile, o único momento que dá aquele friozinho é quando levanta a placa para o jurado, mas nada que a confiança em você mesmo e no mestre-sala não resolva, sai tudo de letra. É o único momento mesmo que me sinto nervosa “rs”.

JIO FOLIA - Pra você como defensor(a) de um pavilhão que desfila na intendente Magalhães, qual é a maior dificuldade do local ? E qual é diferença entre estar ali e estar na Sapucaí ?

Mônica – Bom, as diferenças são muitas. Mas o calor que tem na Intendente, as pessoas próximas, querendo te ver te chamando, é lindo, porque ali as pessoas estão realmente querendo ver o carnaval e gostam do carnaval. O que precisa melhorar muito na Intendente é o espaço apropriado pros casais, onde possa trocar de roupa, onde não precise sair correndo procurar um lugar quando estiver chovendo para não molhar os faisões, onde são poucos mas eles existem “rs”. Poderiam colocar sei lá, uma tenda bem grande onde possa caber uns 3 casais de uma vez, para se preparar ficar aguardando. Porque ficamos na rua, sentados no asfalto aguardando um momento muito esperado, onde trabalhamos o ano inteiro, isso acaba nos deixando muito chateado até porque se desfilamos na Intendente é porque gostamos de carnaval, gostamos da escola que defendemos, mas são coisas que são deprimentes, você sentado no chão ao lado de lixo esperando um momento tão importante onde podemos subir ou descer a escola sabe... é isso, acho que esse problema poderia ser resolvido.

JIO FOLIA - Qual o significado hoje do carnaval na sua vida ?

Mônica – Tudo, meu sonho, minha dança, tudo ! rs

JIO FOLIA - Alguma dica para quem está começando ou pretende seguir os passos desta distinta carreira de Mestre Sala e Porta-bandeira ?

Mônica – Determinação, responsabilidade e acima de tudo humildade, muita humildade, nunca perder isso.

Foto: Nobres Casais

JIO FOLIA - Chegamos ao fim de nossa entrevista, gostaria de agradecer pela gentileza de responder essas perguntas e te desejar uma ótima temporada de ensaios. Em tempo, gostaria que você deixasse uma mensagem para as pessoas que acompanham o seu trabalho:

Mônica – Quero agradecer a todos que confiam em mim, agradecer ao projeto Manoel Dioniso por ter me dado a oportunidade de trabalhar com eles e ser instrutora do projeto foi um outro sonho que realizei. Acho que qualquer mestre-sala ou porta-bandeira que ensinar no projeto onde aprendeu, e eu consegui graças a Deus e esse ano continuo com o trabalho e estou muito feliz com isso, pois mostra o quanto meu trabalho está sendo reconhecido depois de tantos anos. Eu amo o que faço, amo ensinar e mostrar tudo que aprendi com os anos. Quero agradecer em duas pessoas em especial, foram duas pessoas que perdi em menos de um mês, um é meu primo Roberto Lopez que está lá de cima olhando por mim, e o Edmilton Di Bem um grande amigo que conquistei pela minha passagem na G.R.E.S Alegria da Zona Sul, uma das coisas boas que aconteceram comigo lá foi ele que virou meu amigo e até hoje foi meu amigo. Quero agradecer a todos, todos que ajudei e que estão do meu lado. Obrigado ao JIO FOLIA por permitir deixar eu falar sobre a arte do casal, uma arte que depender de mim não deixarei morrer !!



Comentários