Defensores do pavilhão, no palco do carnaval do povo: Intendente Magalhães - Lohane Lemos


Foto: Marcelo O'Reilly
Da série “Defensores do pavilhão, no palco do carnaval do povo: Intendente Magalhães.”, vamos dar início as nossas entrevistas com os casais de mestre-sala e porta-bandeira. Começaremos pelas damas, é claro: a linda porta-bandeira, que desliza na passarela, mostra sua elegância e revela toda emoção de carregar o símbolo maior de uma comunidade, Lohane Lemos com 18 anos de idade e 4 anos de avenida:

JIO FOLIA -  Então Lohane, você aprendeu a dançar em uma escola voltada para a dança do mestre-sala e porta-bandeira ou no ambiente familiar com algum parente/amigo(a) mestre-sala/porta-bandeira? Em que ano isso ocorreu?

Lohane Lemos – Bom, meus primeiros passos quando comecei, foi na escola de mestre-sala e porta-bandeira no Manoel Dionísio no final do ano de 2011 para desfilar no carnaval de 2012.

JIO FOLIA - Qual foi a sua primeira escola como Porta-Bandeira? O primeiro desfile foi complicado?

Lohane Lemos – Meu primeiro desfile foi extremamente confuso pra mim, entrei na escola do Dionísio faltando mais ou menos uns 3 meses pro carnaval, para defender o 2° Pavilhão do G.R.E.S. Boca de Siri, que na época se encontrava no Grupo de Acesso E. No meio da correria, faltando pouco tempo para o carnaval, acabei assumindo o 1° pavilhão da escola, eu tinha 14 anos na época, nunca tinha desfilado na vida rs, mas conversei com a minha mãe e o presidente e acabei aceitando... Foi um desfile muito louco, porque o decote da fantasia meio que desceu e eu dancei com o decote no umbigo kkkk, mas, foi sensacional. Foi difícil porque a fantasia não estava bem ajustada, mas fui com maior coragem, eu tinha que defender aquele pavilhão com amor e carinho. No final, dei as notas necessárias para escola (30 pontos) e a mesma foi campeã e subiu para o grupo D. Como disse no inicio foi louco rsrs.

JIO FOLIA - Você vem construindo uma bonita história como Porta-Bandeira. Você acredita que a manutenção de um casal em uma determinada escola contribui para o bom desempenho do mesmo?

Lohane Lemos – Sim, claro! Levo a manutenção como a valorização. A valorização é tudo. Quando a escola lhe dá uma oportunidade, ela está ali junto com você, trabalhamos com mais animação, mais carinho e garra. Com certeza acho que a manutenção sempre é necessária.

JIO FOLIA - Em sua opinião e gosto, qual item você adora ver o mestre sala usar, leque, bastão ou lenço ?

Lohane Lemos – Eu preservo muito a história. Eu gosto muito dos 3, porque os 3 tem sua origem, tem sua história e eu preservo muito isso, acho muito bonito. Acho que o mestre-sala, não só os que dançam comigo, mas sim de todo o mundo, que usar os 3 eu estarei aplaudindo porque acho mega lindo, é a preservação da história do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Eu não tenho preferência!

JIO FOLIA - Qual foi o desfile mais emocionante da sua vida?

Lohane Lemos – Ai que difícil rs. Tive 5 desfiles, 2 em um ano e um em cada cada ano. Todos foram muito emocionantes, mas o mais louco com certeza foi desse ano (2015) pela G.R.E.S. Caprichosos de Pilares. Foi único, de uma forma que eu queria muito. Foi lindo, emocionante, tudo de bom... então com certeza Caprichosos de Pilares 2015 rsrs

JIO FOLIA - Qual escola você deseja alcançar?

Lohane Lemos – Na verdade, eu não desejo alcançar uma escola, eu não tenho uma escola como objetivo. Meu objetivo é alcançar o sucesso, eu fazer minha história e um dia ser primeira no Grupo Especial, até porque a vida de um casal é difícil rs, então não tenho um objetivo assim de ser da escola X, o meu desejo mesmo é alcançar o sucesso, lutar para conseguir meu espaço, criar minha história.

JIO FOLIA - Você tem alguma porta-bandeira que você considere como sua inspiração? Qual?

Lohane Lemos – Eu gosto muito de observar as Portas-bandeira, ainda mais aquelas que tem um estilo próprio, que é o estilo de dança que defendo, porém, tenho sim minhas inspirações que amo demais, por mais que não tenha nada haver com a minha dança, mas são portas-bandeira que estou sempre procurando, pesquisando, vendo vídeos: é a Adriana Gomes (Mancha Verde - SP), Rita Freitas, pelo fato dela ter muita personalidade e a Giovanna Justo, atual porta-bandeira da G.R.E.S. Unidos do Viradouro. São Portas-bandeira que acompanho desde quando comecei a dançar. E também tem a Maria Helena, a eterna porta-bandeira da G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense. Maria Helena foi a Porta-Bandeira que passei mais tempo observando pelo fato de desfilar na escola, eu tinha ela como Deusa, por mais que na época nem pensava em ser porta-bandeira, até porque eu era ritmista rs.

Foto: Marcelo O'Reilly
JIO FOLIA - Existe algum preconceito em relação aos casais da Intendente? A classe é unida?

Lohane Lemos – Vou dizer de uma forma geral! Não acho que tenha preconceito com os casais, acho que tem pouca visibilidade, pouco foco. As pessoas não dão muita mídia para os casais de lá, as pessoas focam muito na Sapucaí e a Intendente Magalhães fica um pouco esquecida, não só o casal de mestre-sala e porta-bandeira, mas o carnaval em geral. Sobre a classe ser unida, bom rs, o mundo do carnaval é complicado, mas tem sua amizade, tem seu conforto e sua suposta união...

JIO FOLIA - Você acha que a contratação de coreógrafos ou preparadores de casal é fundamental para uma escola que visa o 10 em todas as cabines de jurado?

Lohane Lemos – Sim, eu particularmente curto essas contratações. Mas assim, é um respeitando o espaço do outro, coreógrafo sendo coreógrafo, preparador sendo preparador e casal sendo casal. Cada um no seu quadrado.. eu gosto sim desses tipos de trabalho rs.

JIO FOLIA - Sabemos o quanto é tensa uma apresentação na frente dos jurados durante os desfiles. Como você se sente neste momento? Rola um friozinho na barriga mesmo ou o Casal tira de letra e segue com a apresentação sem dificuldades?

Lohane Lemos – Rs, eu me sinto naquele momento ali, independente da dificuldade, a defensora de toda aquela comunidade que está atrás de mim, que amam aquela escola e ta ali de certa forma por algum motivo, foi defender aquele pavilhão, e com isso me sinto responsável pelos sentimentos daquelas pessoas, entro carregando todo sentimento daquela comunidade, e o meu dever é mostrar isso para o jurado dentro da minha dança e dizer que ensaiei para estar ali. Porém, sou responsável pelo sentimento de cada componente, que gosta, que ama, que trabalhou pela escola rs. E se rola um friozinho? Com certeza rola rs, se um dia eu pisar em qualquer avenida e não sentir aquela emoção, não sentir aquela energia, é porque já acabou a essência!

JIO FOLIA - Para você, como defensor(a) de um pavilhão que desfila na Intendente Magalhães, qual é a maior dificuldade do local? E qual é diferença entre estar ali e estar na Sapucaí?

Lohane Lemos – Difícil rs, para quem ama o carnaval, não se importa, é defender! Mas a maior diferença de estar na Sapucaí ou na Intendente Magalhães é que na Sapucaí o carnaval é mais valorizado, tem uma visibilidade mundial, fazendo com que as pessoas dêem mais atenção a Sapucaí, não dizendo que a Intendente não seja um carnaval que agrade, até porque temos ótimas escolas lá, porém, acho que falta mais mídia em cima delas também. Pra mim, essa é a diferença.

Foto: Google
JIO FOLIA - Qual o significado hoje do carnaval na sua vida?

Lohane Lemos - Hoje em dia o carnaval tem uma extrema importância na minha vida. Ele significa amor, eu faço o que eu amo, eu sou porta-bandeira porque eu amo. Eu dedico tempo da minha vida, perder noite de sono por causa do carnaval, comer coisas saudáveis coisa que não como por causa do carnaval rsrs, e não é em vão, eu faço porque eu amo, tenho prazer nisso. Esse é o significado do carnaval pra mim.

JIO FOLIA - Alguma dica para quem está começando ou pretende seguir os passos desta distinta carreira de Porta-Bandeira?

Lohane Lemos – Independente de você ter técnica, muita categoria, muito tudo, o importante é fazer com amor, com vontade, porque quando você faz com esses sentimentos tudo fica mais bonito, porque a dança é uma tradição, e como é uma tradição todo mundo tem os mesmos deveres, porém quando você vê a pessoa fazendo aquele trabalho com carinho, amor e vontade você vê um diferencial. Então, minha dica é que faça tudo com amor e vontade, deixe o sentimento sair do coração e tomar conta da sua dança e faça com vontade, que tudo dá certo, tudo vem a seu favor! Não dance por dançar, não dance por dinheiro, dance com carinho... É isso rsrs

JIO FOLIA - Chegamos ao fim de nossa entrevista, gostaria de agradecer pela gentileza de responder essas perguntas e te desejar uma ótima temporada de ensaios. Em tempo, gostaria que você deixasse uma mensagem para as pessoas que acompanham o seu trabalho:

Lohane Lemos – Mas já acabou!? Queria mais rs... Bom, pra galera que curte meu trabalho, do fundo do meu coração quero agradecer todo o carinho, porque esse meu trabalho é pra quem gosta, eu faço por mim, pela minha arte, então faço por mim e por todos vocês. Agradeço muito pela força, pelo afeto que todos me dão, e as pessoas que estão no ramo, que estão na luta, não desistam e continuem nessa batalha, que Deus abençoe sempre todos vocês e é claro um agradecimento especial ao BLOG JIO Folia pela oportunidade de contar minha história, a galera que está disposta a trabalhar com a galera da Intendente, dou os parabéns pela iniciativa, pois lá tem uma galera muito boa, que se dessem oportunidade com certeza iria explodir rs... Essa proposta é muito bonita, precisamos de pessoas assim, que estão preocupadas em mostrar o carnaval do povo e mostrar que o trabalho da galera da Intendente é o mesmo da Sapucaí. Quero agradecer em nome da galera da Intendente, da galera que vai ser entrevistada ainda... boto fé que vai ser show de bola ;) !!!!


Comentários