A Nobreza Negra no Brasil: Bangu vai cantar!






Novamente, África

Por: Carlos Eduardo Dantas

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O título desta análise não se dá exatamente ou unicamente ao fato da Unidos de Bangu ser mais uma escola a falar sobre África. Ele se dá pela forma que será contada. Mais a frente entenderão o porque.

Com o enredo “A travessia da Calunga grande, a nobreza negra no Brasil” do Carnavalesco Cid Carvalho, a escola promete abrir o carnaval carioca contanto a história da realeza africana no nosso país.

Quando comecei a desenvolver esta análise  me questionei sobre qual tema mais se falou no Carnaval. Seria à África? Amazônia? Índios? Alguém sabe? A questão é que todos esses temas, apesar de inúmeras vezes contados e cantados podem render bons desfiles e enredos dado seus enormes potenciais de histórias.

O enredo começa na África e fala sobre as tribos que foram escravizadas e trazidas para o Brasil através dos navios negreiros, onde temos o nome de parte do título “A travessia da Calunga grande...”. Agora trago uma lembrança. Em 2007 a Beija Flor trouxe um enredo sobre esta África Real e o nome de uma de suas alegorias era: “A Calunga Cruzou o Mar”.

O texto segue e aborda a descendência real através dos Reis Congos, do Alafim de Oyó e da Rainha Ginga. Cita que o Alafim de oyó é o título do Obá, Rei de Oyó, na atual Nigéria. Fala sobre alguns elementos da natureza e de que forma eles batizaram os clãs africanos.

Os locais onde o trabalho escravo era predominante segue na narrativa, onde ocorre a citação da Bahia como porta brasileira aos negros chegados nesta terra. A compra da liberdade pelos negros, que escondiam o ouro em seus cabelos é abordado nesse momento e em tantos outros desfiles que já vimos por ai.

A história retorna à Rainha Ginga, que já havia sido citada. Fala-se sobre Vila Rica e Chico Rei. Fala-se sobre Zumbi e Tereza Benguela. Todos negros de extrema importância em nossa história.

Agora o texto entra em sua parte final e ganha mais corpo. Aqui é narrado as congadas, festas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. Relata-se a belíssima cerimônia descrevendo seus participantes como a Porta Estandarte, as Damas do Paço e as Baianas de Chitão. Este é o ponto alto do enredo, pois é justamente o que menos ouvimos falar por ai.

O enredo termina falando sobre a nobreza negra no Brasil. Os grandes nomes de nossa cultura que foram e são de extrema importância para nossa história.

Agora vem o questionamento: Quantas vezes você já ouviu falar sobre os fatos narrados? Tenho certeza que inúmeras. É possível sim abordar a África sem cair na repetição. Obviamente que pontos fundamentais sempre serão contados, todavia são pontos e não quase a totalidade de um enredo.

O que percebe-se é um enredo extremamente previsível por tudo o que já vimos por ai e com uma “cara enorme” de Beija Flor 2007, escola que por coincidência é de Cid Carvalho.

E para você, leitor? Qual a sua opinião? 

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