Defensores do pavilhão, no palco do carnaval do povo: Intendente Magalhães - Pedro Figueiredo

Foto: Diego Jenkins
Dá série "Defensores do pavilhão, no palco do carnaval do povo: Intendente Magalhães.", vamos conhecer o trabalho de Pedro Campos que no carnaval passado defendeu o primeiro pavilhão do Arranco, escola de muitas tradições do nosso carnaval que hoje se encontra no Grupo de Acesso B, lutando para voltar para a Sapucaí:

JIO FOLIA – Olá Pedro, você aprendeu a dançar em uma escola voltada para a dança do mestre-sala e porta-bandeira ou no ambiente familiar com algum parente/amigo(a) mestre-sala/porta-bandeira ? Em que ano isso ocorreu ?

Pedro – Meu padrinho que era um dos compositores da Portela, me convidou para aprender a arte da dança do mestre sala e porta bandeira no projeto que funciona até hoje na quadra da agremiação, que se chama Associação Cultural Madureira, Toca, Canta e Dança. O instrutor na época era o Charles, que na também na mesma época era o mestre sala do GRES Império Serrano.

JIO FOLIA - Qual foi a sua primeira escola como Mestre-Sala? O primeiro desfile foi complicado ?

Pedro – Minha primeira escola foi o GRES Arranco do Engenho de Dentro, comecei lá como mestre sala mirim junto á minha irmã Paula. Não é que tenha sido complicado, mas, foi nosso primeiro desfile numa escola, e na época o Arranco desfilava na Marquês de Sapucaí. Foi uma emoção muito grande, tudo que aconteceu ali foi superação, éramos casal mirim, nunca tivemos ensaio na Marquês, a única preparação era os ensaios de quadra mesmo para o dia do desfile, para ajudar ainda choveu “rs”... Aí sabe como é ? Chovendo, casal mirim sem experiência, foi garra e emoção pura. Como dizem, passamos pelo velho batismo de fogo “rs”.

JIO FOLIA - Você vem construindo uma bonita história como mestre-sala. Você acredita que a manutenção de um casal em uma determinada escola contribui para o bom desempenho do mesmo ?

Pedro – Acho a manutenção essencial, mas desde que o casal seja comprometido, pois você não vai querer um casal que não é profissional. As vezes a nota não vem, mas é por motivo alheio ao casal, é por causa do jurado que não entendeu a coreografia, por causa daquele momento a fantasia caiu, então, tem que ser estudado as justificativas e o profissionalismo do casal. Se é um casal que ensaia que dá duro mas que não obteve os 40 pontos por causa de algum motivo, tem que manter sim, isso vai dar mais credibilidade, confiança e incentivo ao casal e no ano seguinte o casal vai com mais garra ainda querendo retribuir essa manutenção e dando 40. Acho essencial. Mas volto afirmar, a manutenção dos casais que são profissionais, que não obtiveram a nota por um acaso naquele dia, mas que estão sempre com as suas obrigações em dia, esses sim merecem manutenção e futuramente irão contribuir com bons resultados para as escolas.

JIO FOLIA - Qual dos três itens você gosta de usar: leque, lenço ou bastão ?

Pedro – Na quadra geralmente utilizo o leque e o lenço. Sendo que se no desfile se tiver que vir com o bastão sem problemas, pra mim, os três tem um valor simbólico igualitário. Por questão de prática e logística, na quadra eu tenho essas diferenças.

JIO FOLIA - Como é sua rotina de ensaios e sua preparação pré-carnaval ?

Pedro – Basicamente ela é formada por uma junção com os ensaios na quadra e os ensaios externos, três ensaios por semana, contando os ensaios na quadra, ensaios de rua. Assim que escolhe o samba nós trabalhamos mais a coreografia para jurado, antes disso é entrosamento, preparação muscular e resistência a principio três vezes por semana e conforme vai se aproximando a rotina vai aumento.
 
Foto: Diego Jenkins
JIO FOLIA - Qual foi o desfile mais emocionante da sua vida ?

Pedro – Sem dúvidas o primeiro desfile. Foi uma emoção muito grande, foi algo diferente do que a gente vê... Mas todos os desfiles são especiais, mas o primeiro sempre marca nossa trajetória.

JIO FOLIA - Como todo mestre-sala sempre queremos dançar em uma escola em especial... Qual escola você deseja defender o pavilhão um dia  ?

Pedro – Eu gostaria de dançar com o Arranco no Grupo Especial, e tem outras escolas que gostaria de 1° mestre sala como, Mangueira, Portela. São escolas que são o sonho de quase todos os mestres-sala de defender esses pavilhões.

JIO FOLIA - Você tem algum Mestre-Sala que você considere como sua inspiração? Qual ?

Pedro – Admiro muito o Charles que me ensinou a dançar, o Julinho Nascimento e Fabrício Pires.

JIO FOLIA - Existe algum preconceito em relação aos casais da Intendente? A classe é unida ?

Pedro – Acho que é pontual sabe, acho que não exista assim um grande preconceito não. Acho a classe unida sim. Hoje em dia está bem mais unida, a nova geração é uma geração que tem crescido juntos, então um torce pelo outro, não que a antiga não tenha sido.

JIO FOLIA - Você acha que a contratação de coreógrafos ou preparadores de casal é fundamental para uma escola que visa o 10 em todas as cabines de jurado ?

Pedro – Eu não diria que seja fundamental, mas uma ajuda de quem entenda da arte, principalmente de quem tenha sido um mestre sala ou porta bandeira, ajuda é sempre bem vinda.

JIO FOLIA - Sabemos o quanto é tenso, uma apresentação na frente dos Jurados durante os desfiles. Como você se sente neste momento ? Rola um friozinho na barriga mesmo ou o Casal tira de letra e segue com a apresentação sem dificuldades ?

Pedro – Acho esse friozinho essencial para o casal está atento e não errar a coreografia e para que nada saia errado do que eles planejaram fazer ali no momento para os jurados.

JIO FOLIA  - Pra você como defensor(a) de um pavilhão que desfila na intendente Magalhães, qual é a maior dificuldade do local ? E qual é diferença entre estar ali e estar na Sapucaí ?

Pedro – Sem dúvidas, a diferença maior é quanto a estrutura do local em si. Agora em termos de dedicação e emprenho, pra mim é o mesmo. Eu me dedico a escola da mesma forma se ela estivesse na Sapucaí, acho que a dedicação não depende de onde ela desfila, se estivesse na Sapucaí o desempenho tem que ser o mesmo e vice-versa.

JIO FOLIA  - Qual o significado hoje do carnaval na sua vida ?

Pedro – É significado que espero que ele tenha sempre, de felicidade. É no carnaval que transporta os nossos sonhos é no carnaval que a gente é feliz. É um curto período que é presidido por diversos ensaios, que naquele momento ali, somos sim os reis da folia.
 
Foto: Diego Jenkins
JIO FOLIA  - Alguma dica para quem está começando ou pretende seguir os passos desta distinta carreira de Mestre Sala e porta bandeira ?

Pedro – Dedicação e respeito pela nossa história, respeito por aqueles que construíram a nossa história e entender que somos frutos da dançar deles. Respeito aos que passaram por essa arte antes de nós. Porque as vezes podemos estar numa escola e as vezes não, o carnaval ele é uma caixinha de surpresa hoje. Por isso digo, respeito, dedicação e humildade são as palavras.

JIO FOLIA - Chegamos ao fim de nossa entrevista, gostaria de agradecer pela gentileza de responder essas perguntas e te desejar uma ótima temporada de ensaios. Em tempo, gostaria que você deixasse uma mensagem para as pessoas que acompanham o seu trabalho:


Pedro – Eu que agradeço pela oportunidade de conceder essa entrevista e queria dizer para as pessoas que acompanham o meu trabalho, são pessoas que sempre estão perto de mim do meu lado e agradecer todo mundo, aos diretores de harmonia, os meus amigos que são mestre sala e porta bandeira, o dia-a-dia de um casal é muito corrido e graças a Deus tenho essas pessoas ao meu lado. Que em 2016 continuaremos juntos trabalhando em prol sempre das escolas !

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