Hoje a entrevista do blog JIO FOLIA será com o artista plástico, Niteroiense,
nascido em 04 de fevereiro de 1981, Jorge Silveira. Professor de artes formado pela escola de
Belas Artes da UFRJ, desenhou no Rio de Janeiro os desfile da Vila Isabel no
grupo especial e Acadêmicos do Cubango no grupo de acesso, e integra a comissão
de carnaval Dragões da Real-SP no carnaval 2015, já confirmado para 2016.
1. Ultimamente eu vi uma entrevista com
Max Lopes, ex-carnavalesco da Vila Isabel, no qual ele elogiava seu trabalho.
Como você se sente sendo elogiado por esse grande ícone do carnaval brasileiro?
É
sempre muito gratificante trabalhar com o carinho dos amigos. Max é um dos
maiores nomes da história do carnaval. O espetáculo que amamos tanto, da forma
como existe hoje, passou pelo suor e talento de mestres como o Max. Tenho uma
relação de respeito mútuo com ele e uma gratidão enorme por todo o aprendizado.
2. Você que trabalho em 2015 para a
Vila Isabel. No que a escola falhou para ter ficado com a penúltima colocação?
![]() |
Arte da segunda alegoria da Vila Isabel 2015. |
Antes
de ser um profissional do carnaval, meu coração é de sambista. E eu me coloco
no lugar de cada um dos componentes da querida comunidade de Vila Isabel.
Respeito demais a azul e branco, e tenho enorme gratidão. Tenho certeza que o
trabalho foi pensado e projetado com muito carinho e profissionalismo. Não cabe
a mim fazer julgamentos sobre os problemas que acontecem normalmente em toda
rotina de produção de um carnaval. Mas fica a sensação de que parte do resultado
ainda é o eco do desfile de 2014.
3. Qual balanço que você faz do
carnaval 2015?
Penso
que foi um carnaval pontuado por muita expectativa por parte de algumas
agremiações e algumas boas surpresas. Fica consumada a ideia de que carnaval é
na avenida.
4. Você trabalhou em duas escolas do
Rio e uma de São Paulo, como você conseguiu conciliar tudo isso?
É
de fato uma rotina intensa de trabalho. Nessa temporada eu acabei desenvolvendo
mais de 1200 desenhos, entre figurinos, desenhos de plantas técnicas de
alegorias, e uma série de complementos de detalhamentos desses projetos. Mas eu
tenho uma vantagem: eu trabalho com desenho em tempo integral. Sou professor de
desenho, e na minha escola desenvolvo os projetos ao mesmo tempo em que dou
aula. Dá para conciliar bem. Sobretudo é preciso muita disciplina e um
elaborado cronograma de trabalho. São enredos diferentes, paletas de cores
diferentes, carnavalescos diferentes. Se não houver uma boa organização, não
funciona de fato. Mas ano a ano tenho conseguido aprimorar a minha logística de
trabalho.
5. Qual desfile que você participou que
julga como inesquecível?
Todos
tem um sabor diferente, mas sem dúvida o desfile da Dragões da Real de 2015 foi
o mais incrível. Eu pude participar desde o início da criação das ideias em
conjunto com os amigos da comissão de carnaval. Cada detalhe muito discutido. O
resultado nos rendeu duas premiações importantes de dois importantes sites de
carnaval (melhor conjunto visual – site SRZD carnaval e melhor desfile – site
Carnavalesco), e mantemos a Dragões na elite das campeãs do carnaval
paulistano.
6. Quais são as propostas para o
carnaval 2016?
7.
Além do carnaval real você também participa do carnaval virtual, gostaria de
saber, qual a importância do carnaval virtual para você?
O
carnaval virtual é uma grande vitrine de talentos. Conheci esse universo por
convite do meu grande amigo e eterno presidente Netto Gomes, meu grande
parceiro no desenvolvimento dos trabalhos que apresentamos na nossa querida
Mocidade. Mas em virtude dos meus compromissos com o carnaval real, chegamos
num consenso de que será necessária uma pausa no carnaval virtual. Meu tempo
está bastante compromissado para 2016, e não conseguiria fazer o projeto com a
qualidade que desejaria.
8-
Estava olhando alguns desenhos seus em seu blog e vi que você gosta de desenhos
críticos. De onde veio essa inspiração?
Eu
trabalho não só com cores cítricas. Procuro variar bastante a minha paleta de
cores, sempre adequando ao contexto. Eu tenho muitas referências claras no meu
trabalho a linguagem do cinema, dos quadrinho, mas sempre com uma roupagem
carnavalizada. Eu prezo muito a leitura fácil da alegoria e a volumetria das
alegorias. Gosto de brincar com o espaço num carro alegórico. Eu tenho vários
ídolos, mas posso citar 3 nomes importantes pra mim: admiro o tropicalismo
irreverente do saudoso Fernando Pinto; sou muito fã da clareza didática do
trabalho de Renato Lage e curto muito a precisão técnica dos projetos do meu
amigo Jaime Cezário: meu professor, que me deu minha primeira oportunidade no
carnaval, e me ensinou a importância de um projeto bem elaborado.
9-
Qual seu maior sonho no carnaval?
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Arte fazendo uma crítica ao país estadunidense |
Qual
é o maior sonho de todo profissional de carnaval? Hehehe... todos trabalhamos
pela vitória, mas não depende apenas de um bom projeto. Um desfile é um
acontecimento único, um evento que não se repete no tempo da mesma forma outra
vez. É um instante onde tudo que foi pensado tem que funcionar. Mas, pessoalmente, sonho com carnavais mais
leves, mais bem humorados. Sinto falta de um pouco mais do espirito folião e
gaiato que era tão forte nos anos 80. Entendo as transformações, mas sonho e
ainda acredito em carnavais mais engraçados.
10-
Considerações finais: Deixe uma mensagem para nossos leitores da Jio Folia.
Agradeço
a oportunidade de poder falar um pouco do meu trabalho e das minhas
referências, e convido os amigos a ficarem de olho no meu trabalho pelas
avenidas do Brasil. Convido também a conhecerem mais dos meus projetos no meu
blog http://www.jorgeluizsilveira.blogspot.com.br/
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